segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Em 1987... brumas de algumas memórias


Entrei na República Popular da China, pela primeira vez, em Outubro de 1987.

A RPC era outra, bem diferente (nos centros urbanos pelo menos) do que é hoje. O caminho a fazer julgo que, nessa primeira vez, foi para Cantão.
Uma viagem que hoje se faz em menos de 3h a partir do sítio onde estou, na altura levou mais de 6h. Tinha 9 anos mal feitos, e lembro-me da carrinha (bem, a carcaça de uma carrinha que ainda andava), dos solavancos em estrada ainda de terra batida na maioria do caminho, ladeada de arrozais e búfalos. Das paragens inusitadas, para deixar sair ou entrar passageiros, os quais se faziam acompanhar das mais estranhas bagagens aos meus olhos na altura. Apesar de pouco viajada por essa altura (a minha viagem mais longa até então tinha sido nesse mesmo verão, à Madeira), a ideia de galinhas a serem postas no topo de uma carrinha não encaixavam exactamente no meu conceito – quem diria, aos 9 anos com conceitos de carreiras de autocarros!.
Lembro-me da curiosidade dos olhares face a 3 pessoas que não encaixavam nos moldes de quem nos observava, muito menos uma rapariga de cabelos encaracolados, ruivos, acompanhada de um senhor que podia ser quase mouro e de uma senhora igualmente arruivada. E dos sorrisos. Daqueles sorrisos, que pese embora não partilhássemos qualquer língua comum para comunicar, diziam tudo.
Dessa viagem, ficaram muitas memórias que até hoje perduram. Mas dessa primeira viagem ficou também a imagem da bruma, que viria a fazer parte do meu quotidiano, de então e de hoje (ainda que hoje mais poluição do que bruma), e de uma estranha ginástica que vim a aprender que não era ginástica, mas sim Tai chi, uma arte marcial.

Hoje, as imagens que aqui coloco levaram-me de volta a esse ano de 1987, onde começaram tantas mudanças na minha vida e que iniciou o período que viria a moldar muito do que é a minha concepção actual do mundo.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Era uma vez... começam as histórias


E neste caso não é diferente. Pelo que, comecemos pelo início, uma “la palissada”, mas é assim mesmo.
 
O mundo não é pequeno. É grande, é muito grande. É diverso, é múltiplo, é bonito e feio. É, confessemos, gigante e complexo.

Sim, as distâncias são menores porque há meios de transportes mais rápidos, maiores (ou não), mais confortáveis (ou não - case in point: a económica de qualquer avião), mais frequentes.

Sim, as novas tecnologias ajudam neste encurtamento de distâncias. Ajudam na aparência, porque, as distâncias físicas continuam lá. Experimentem viver no Oriente, ligar para o Ocidente, e querer estar neste último de seguida… até à inventarem o teletransporte, não há hipótese: o trajecto levará no mínimo entre 15 a 20h. E sendo generoso. Há casos, em que passa a marca das 26 horas. E não pensemos nos antípodas.






Dito isto, todos temos aquela sensação, num ou noutro momento, de que por mais viagens que façamos, o mundo terá sempre algo escondido para mostrar.

Este não é um blogue (só) de viagens, mas terá algumas; não é um blogue (só) de fotografia, mas terá muitas; não é um blogue escrito (só) por se estar emigrado, ainda que exista por isso mesmo, não é um blogue (apenas) de palavras, mas haverá dias e dias em que não será senão isso mesmo.

 
É um blogue de quem está cada vez mais fascinada pelo mundo e pela vivências quotidianas, de quem já viveu dentro e fora do seu país e de quem procura todos os anos conhecer pelo menos um sítio diferente, dentro e fora do local onde vive. Porque o mundo é gigante, mas hoje, simultaneamente pequeno, e, acima de tudo importa agarrar todas as oportunidades de o explorar, isto, porque a vida é curta!